quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Estou "vendendo" meu peixe?

O sinal ficou vermelho.Olho e vejo no veículo à minha frente um símbolo colado, um desenho que não reconheço. Hoje é moda colar na parte de trás do carro algo que lhe represente. A família, o time de futebol, o símbolo de um grupo social.
No meu carro, eu tenho um peixe. Muitos logo reconhecem seu significado. É o símbolo que identifica os cristãos. Primeiro porque a palavra ‘peixe’ no grego era escrita ‘ichthys” e com suas letras escrevia-se (I - Je sus), (ch - Cristo), (th - de Deus), (y - Filho), (s -Salva dor). Depois porque os cristãos perseguidos desenhavam na areia o peixe quando queriam falar de Cristo.

Pensando no assunto, eu pergunto: você, que cola o peixe no carro, faz isso pensando em você ou nos outros? É para se identificar, fazendo parte de um grupo social, ou para testemunhar? Talvez as duas opções... 

O meu problema começou no dia em que ouvi de uma amiga uma indagação a respeito do “peixe” colado no meu carro, se ele seria o símbolo de alguma seita, pois já o observara em vários outros carros. 

Pensei comigo: ela não sabe que sou cristã??? Claro que, talvez, ela simplesmente não tenha associado o símbolo à minha crença. Mas, internamente, passei a remoer as minhas atitudes relacionadas à minha amiga, pois, também talvez, eu realmente não esteja refletindo o caráter de Cristo, o que eu deveria transparecer com clareza, já que “pelos seus frutos vocês os reconhecerão” (Mateus 7.20).

Será que não exalo o perfume de Cristo (2 Coríntios 2.15)? Será que sou sal no saleiro, como fazem referência àqueles que não testemunham para o mundo, mas apenas dentro da igreja? Se minhas atitudes não falam, pelo jeito minha boca também não falou e meu “peixe” não foi “vendido”, como diria o ditado. 

Mas meu peixe vai continuar no meu carro, sabendo agora que devo agir e falar para explicar o porquê de tê-lo colocado ali, esforçando-me para dizer às pessoas o que Cristo representa na minha vida e como Ele a transformou. Caso contrário, o peixe não passa de um desenho e não faz diferença nenhuma.

Se eu me calar, “as pedras clamarão” (Lucas 19.40); e, se Deus me deu boca, não foi para engolir
o peixe.
Marina Hadlich Uliano de Souza
Texto publicado na "Zine", edição dezembro 2014/janeiro 2015 - Igreja Luterana Comunidade Centro Florianópolis.

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